Por que o Ceará não utiliza sua base na Série A do Campeonato Brasileiro?
O Ceará não utiliza sua base na Série A do Brasileirão? Por que? Mesmo após conquistar a Copa do Nordeste Sub-20, o Ceará quase não aproveitou sua base. Entenda as causas e o impacto dessa escolha.
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O Ceará Sporting Club é um dos grandes nomes do futebol nordestino, com uma torcida fiel e estrutura sólida. Apesar disso, uma questão persiste há anos: por que o clube não aproveita mais os talentos da base, mesmo tendo conquistado títulos importantes como a Copa do Nordeste Sub-20?
A pressão por resultados imediatos
Disputar a Série A é um desafio de alto risco. A cada temporada, o Ceará precisa lutar ponto a ponto para se manter na elite, o que cria uma pressão enorme sobre dirigentes e técnicos.
Nessa realidade, os treinadores tendem a optar por jogadores experientes, considerados mais “seguros” para suportar a pressão. O medo de arriscar com jovens, que ainda estão em formação, limita o espaço dos atletas da base — mesmo dos mais promissores.
O caso da Copa do Nordeste Sub-20
Este ano de 2025, o Ceará foi campeão da Copa do Nordeste Sub-20, um feito histórico para o clube e um sinal de que o trabalho de base vem dando resultados.
O elenco revelou nomes de potencial, com talento técnico e disciplina tática. No entanto, quase nenhum daqueles campeões teve sequência no time profissional.
Mas por quê?
As razões passam por três fatores principais:
Falta de um plano de transição estruturado: após o título, muitos atletas não foram integrados ao elenco principal, nem receberam acompanhamento individualizado para amadurecer dentro do clube.
Mudanças constantes na comissão técnica: O treinador atual, com sua filosofia, e a falta de continuidade nas gestões esportivas impede o aproveitamento planejado dos jovens.
Prioridade para reforços de fora: a diretoria, em busca de resultados rápidos na Série A, prefere investir em jogadores prontos, relegando a base a um papel secundário.
O resultado é que uma geração vitoriosa acaba desmontada ou esquecida, com vários atletas sendo emprestados ou dispensados sem chances reais de mostrar seu valor no Castelão.
O medo de arriscar e o peso financeiro
A Série A é financeiramente decisiva. A permanência na elite garante milhões em cotas de TV, patrocínios e visibilidade.
Por isso, muitos dirigentes evitam arriscar com jovens — mesmo campeões da base — temendo perder rendimento e comprometer as finanças do clube.
Essa mentalidade imediatista faz com que o Ceará forme jogadores, mas não colha os frutos dentro de campo.
Diferença de nível competitivo
É verdade que o salto entre o futebol júnior e o profissional é grande. Mesmo jogadores talentosos precisam de tempo e adaptação.
Contudo, clubes bem estruturados criam planos de transição, com minutos graduais em campeonatos estaduais, amistosos e copas menores.
Sem esse processo, os atletas acabam estagnados como é o caso do atacante Guilherme um dos Protagonista da Copa Nordeste sub 20, integrado ao elenco pricipal, mas que não tem chance de entrar em campo por parte da comissão técnica, e que por força maior vai acabar saindo do clube em busca de oportunidades.
Sinais de mudança
Nos últimos anos, o Ceará tem mostrado avanços importantes.
Jogadores como David Ricardo, Enzo, Kaique e Erick Pulga começaram a ganhar espaço, e o CT de Itaitinga passou a receber mais atenção e investimento.
O desafio agora é transformar conquistas como a Copa do Nordeste Sub-20 em protagonismo real no profissional, criando um ciclo sustentável de formação e aproveitamento.
Conclusão
O título da Copa do Nordeste Sub-20 provou que o Ceará sabe formar talentos.
O que falta é confiança e planejamento para transformá-los em protagonistas no time principal.
Valorizar a base não é apenas uma escolha esportiva, mas uma estratégia de identidade e sustentabilidade.
Um clube que acredita nos seus jovens constrói o próprio futuro — e o Ceará tem tudo para ser esse exemplo no futebol nordestino e nacional.
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Referências
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