Por que o Ceará não utiliza sua base na Série A do Campeonato Brasileiro?

O Ceará não utiliza sua base na Série A do Brasileirão? Por que? Mesmo após conquistar a Copa do Nordeste Sub-20, o Ceará quase não aproveitou sua base. Entenda as causas e o impacto dessa escolha.

SPORT

Márcio Moreira

10/28/20253 min read

O Ceará Sporting Club é um dos grandes nomes do futebol nordestino, com uma torcida fiel e estrutura sólida. Apesar disso, uma questão persiste há anos: por que o clube não aproveita mais os talentos da base, mesmo tendo conquistado títulos importantes como a Copa do Nordeste Sub-20?

A pressão por resultados imediatos

Disputar a Série A é um desafio de alto risco. A cada temporada, o Ceará precisa lutar ponto a ponto para se manter na elite, o que cria uma pressão enorme sobre dirigentes e técnicos.
Nessa realidade, os treinadores tendem a optar por jogadores experientes, considerados mais “seguros” para suportar a pressão. O medo de arriscar com jovens, que ainda estão em formação, limita o espaço dos atletas da base — mesmo dos mais promissores.

O caso da Copa do Nordeste Sub-20

Este ano de 2025, o Ceará foi campeão da Copa do Nordeste Sub-20, um feito histórico para o clube e um sinal de que o trabalho de base vem dando resultados.
O elenco revelou nomes de potencial, com talento técnico e disciplina tática. No entanto, quase nenhum daqueles campeões teve sequência no time profissional.

Mas por quê?

As razões passam por três fatores principais:

  1. Falta de um plano de transição estruturado: após o título, muitos atletas não foram integrados ao elenco principal, nem receberam acompanhamento individualizado para amadurecer dentro do clube.

  2. Mudanças constantes na comissão técnica: O treinador atual, com sua filosofia, e a falta de continuidade nas gestões esportivas impede o aproveitamento planejado dos jovens.

  3. Prioridade para reforços de fora: a diretoria, em busca de resultados rápidos na Série A, prefere investir em jogadores prontos, relegando a base a um papel secundário.

O resultado é que uma geração vitoriosa acaba desmontada ou esquecida, com vários atletas sendo emprestados ou dispensados sem chances reais de mostrar seu valor no Castelão.

O medo de arriscar e o peso financeiro

A Série A é financeiramente decisiva. A permanência na elite garante milhões em cotas de TV, patrocínios e visibilidade.
Por isso, muitos dirigentes evitam arriscar com jovens — mesmo campeões da base — temendo perder rendimento e comprometer as finanças do clube.
Essa mentalidade imediatista faz com que o Ceará forme jogadores, mas não colha os frutos dentro de campo.

Diferença de nível competitivo

É verdade que o salto entre o futebol júnior e o profissional é grande. Mesmo jogadores talentosos precisam de tempo e adaptação.
Contudo, clubes bem estruturados criam planos de transição, com minutos graduais em campeonatos estaduais, amistosos e copas menores.
Sem esse processo, os atletas acabam estagnados como é o caso do atacante Guilherme um dos Protagonista da Copa Nordeste sub 20, integrado ao elenco pricipal, mas que não tem chance de entrar em campo por parte da comissão técnica, e que por força maior vai acabar saindo do clube em busca de oportunidades.

Sinais de mudança

Nos últimos anos, o Ceará tem mostrado avanços importantes.
Jogadores como David Ricardo, Enzo, Kaique e Erick Pulga começaram a ganhar espaço, e o CT de Itaitinga passou a receber mais atenção e investimento.
O desafio agora é transformar conquistas como a Copa do Nordeste Sub-20 em protagonismo real no profissional, criando um ciclo sustentável de formação e aproveitamento.

Conclusão

O título da Copa do Nordeste Sub-20 provou que o Ceará sabe formar talentos.
O que falta é confiança e planejamento para transformá-los em protagonistas no time principal.
Valorizar a base não é apenas uma escolha esportiva, mas uma estratégia de identidade e sustentabilidade.
Um clube que acredita nos seus jovens constrói o próprio futuro — e o Ceará tem tudo para ser esse exemplo no futebol nordestino e nacional.

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Referências

ALMEIDA, M. Formação de atletas no futebol brasileiro: estrutura, desafios e perspectivas. Revista Brasileira de Gestão do Esporte, 2021.

COSTA, L.; SANTOS, R. Categorias de base no futebol: importância, investimento e transição para o profissional. Journal of Sport Development, 2020.

FERNANDES, P. Gestão esportiva no futebol nordestino: infraestrutura, mercado e competitividade. Revista Nordeste Esportes, 2022.

LEITE, J. O papel das competições de base no desenvolvimento do atleta. Cadernos de Ciência do Esporte, 2019.

LOPES, V. Desafios e oportunidades das categorias sub-20 no Brasil. Revista Brasileira de Futebol e Formação, 2023.

SILVA, T.; BARROS, A. Análise da Copa do Nordeste Sub-20: desempenho, vitrine e aproveitamento no profissional. Instituto Nordestino de Estudos do Futebol, Relatório Técnico, 2022.

SOUSA, E. O impacto da falta de integração entre base e profissional no futebol brasileiro. Gestão e Treinamento Esportivo, 2020.

Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Regulamentos e diretrizes das competições de base. Disponível em: <cbf.com.br>. Acesso em: 2025.